quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O segredo de Lilith


Você acha que tem alguma experiência de vida até que o destino insiste em implicar com a sua passividade para com ele. Sem dó ou qualquer piedade, ele lhe atira a intensidade, lhe obriga o recebimento da ação dentro do que é considerado íntimo.
O destino (maldito seja por ser meu abençoado) é forte e é inconcebível travar uma batalha. Você aceita suas brincadeiras e imposições sempre o amando.
Mas voltando às suas experiências, mulher, você nada tem em saber até sabê-la. Maldito destino abençoado, mulher, a jogou nesse mar de ondas semelhantes. Passividade? Impossível, rosa. Os espinhos estão demasiadamente longe das pétalas que se acariciam e desabrocham unidas. Você nada sabe, pétala, até que seja enfeitiçada pelo orvalho que a outra, amada sua, lhe oferece.
É cansativo e renovante, mulher, o feliz só o é quando ela em ti, o sufocante é a angústia por não sabê-la. Muitas coisas são desejadas, mas o desejo puro é por ela. Muitas são as tristezas, mas as lágrimas verdadeiras são as suas quando derramadas por ela: Vênus.
Em nada sabe até sentir a dor da humilhação de sofrer por uma igual e não querer o sabor da vingança, mas a nova entrega. Dói, Vênus, eu sei que dói, mas o que fazer se o destino só permite o completo quando se sente a reciprocidade? Você possui agora o mais belo e a verdadeira malícia, você tem o feminino em sua total complexidade, simplicidade e beleza. Você possui o certo, a fonte da vida e ela a completa, e você espera fazer o mesmo.
Só lhe resta ma coisa a fazer: ame seu corpo, beba da fonte, uma sua alma à dela. Purifique-se.
Ame-a, mulher.

Parabéns

Eu queria dizer-te mil coisas. Sim, eu tinha mil assuntos a tratar, todos estes recheados de tranqüilidade, inquietação e, sobretudo carentes de monotonia. Mas aquele a ditar que a vida é uma alegria, está enganado. Descobri que não se trata de ser, mas de estar.
Eu estava, eu estou, eu quero voltar a SER. Com uma chuva de palavras, meus assuntos esvaíram-se. Estou vazia de assuntos, suas palavras me esvaziaram, você não tinha esse direito.Não tinha.
Mas sabe, vida? Eu perdoei-te, mas infelizmente (ou não infelizmente assim) não esqueci; da minha boca os assuntos não saem, não são mais livres, quem sabe a mágoa não os tenha seqüestrado?
Não me deixe assim, Vida, hoje é dia 21! Hoje é dia 21 e é só isso que importa, e desista de mim, mas não de nós. Hoje é dia 21 e está chovendo, está chovendo como no primeiro 21, vida. É dia 21. Deixarei as águas levarem embora as mágoas se você vier junto com a correnteza das enchentes. Faz a chuva me alagar, vida. É dia 21 e é isso que importa, e está chovendo. Não desista de mim, não desista de nós. Está chovendo e cada lágrima de chuva é uma gota que cai. Não quero lágrimas, Vida, transforme-as em assuntos. Preciso dos meus assuntos.
Achei que era o fim, Vida, achei que estivesse fatigada a ficar muda, achei que meus assuntos faltariam e seria o fim. Mas veio dia 21, eu lembrei meses que tiveram asas, eu sorri. Eu sei que você pode, vai, faz meus olhos curarem. Não desiste de nós, eu sorri! Não desiste de nós, me faz acreditar, ainda há tempo, vida. É dia 21... Tá chovendo, amor.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Sobre minha essência

Talvez eu seja um livro, um bom livro, mas ainda assim um livro. Um desses best-sellers da vida, que não relate uma breve história, que não seja um romance e nem mesmo auto-ajuda. Bem, de repente ajuda mútua. Por que não o seria? O que mais pode pedi um livro além de querer ser lido? Uma troca justa, visto que pode lhe entreter por algumas horas do tão estimado ócio.
Mas conforme dizia, sou um bom livro. Talvez haja algum outro romance quase que idêntico, todavia me agrada pensar que eu seja um livro único. Uma só edição. Um único exemplar de um agradável livro, mas ainda assim um livro.
Na certa, eu queria ter nascido para diário. Você me guardaria e protegeria contra invasões, me confiaria seus segredos e o mais importante: retiraria-me dentre seus guardados, me renovaria a cada dia e me releria incansavelmente só pelo simples gesto de em mim ver você. Sim, eu queria ser um diário, mas nasci para livro, um bom livro.
E do que posso me queixar? Ao menos sou um best-seller, tantos não queriam sê-lo? Sou um bom livro. Um daqueles que te aprisionam com o prefácio e lhe faz envolto no caminhar dos acontecimentos, até que, sem mais delongas, você submerge no clímax. E a escrita, assim como a leitura, poderia durar para sempre, mas o sempre só serve para sempre lembrar que ambas cessam sempre.
Pode até ser triste, mas é o que acontece com um bom livro. Que seja adorável, mas, depois de lido, ele é mais um jogado em meio à sophia.
Hora de voltar para a estante.