domingo, 16 de dezembro de 2012

O que carece



Segue solto um espírito em vagas noites candentes.
Alucinado de vazio e, de seu estado, descontente.

De pouco vale inspiração sem que haja um desafio.
Foda-se papel e métrica, sexo antes de um estilo.

Colocar-se-á em primeiro, o prazer livre de decência.
Falará alto o instinto sem definições de consciência.



quarta-feira, 12 de setembro de 2012

ALADOS.

Quando um pássaro está com a asa machucada, tentativas de voo só trarão céleres quedas. Se faz necessário a cura completa do ferimento para garantir um suave e belo planar. Creio que o mesmo ocorre com o coração. Resta-nos saber quando estamos prontos para alcançarmos o céu novamente. 

Pronta.



terça-feira, 6 de março de 2012

Da Pintura.

Era um triste quadro... Ela pendurada em um abismo, suspensa por um fio de memórias. Poderia ficar pendurada por toda uma vida, mas as lembranças que se acumulavam criavam espinhos na corda que a sustentava. Abaixo o vazio: capacidade de recomeço ou o nada. Não o sabia.
Pobre pintura manchada. Pálida, exceto pelo vermelho vivo que pendia de suas mãos fendidas pelos acúleos. Nos olhos apenas a tristeza de ter que tomar uma decisão de dois gumes: conservar a promessa de manter-se suspensa na linha que se tornava arame farpado ou atirar-se ao vácuo desconhecido.
Nos olhos apenas pesada água por ter de escolher partir o fio.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Marina morena.

Acontece que eu vejo nos seus olhos aquilo que ninguém vê... Vejo no seu sorriso coisas tão bonitas, mas que passam invisíveis. Talvez seja porque eles nunca olharam realmente pro seu jeito de olhar e de sorrir... Talvez você nunca tenha dado motivo para que olhem. Enfim, só quero confessar que olhei, ainda que sem sua permissão. Eles são lindos. Muito mais do que você escolhe mostrar.

(À morena de olhos d'água)

Da luta.

A luta do escritor, antes de ser para com papéis e palavras, é com o próprio estado de espírito. A escrita, infelizmente, requer uma dose de tristeza, agonia, ciúme. Escreve quem é/está triste, “gente feliz não escreve”. Digo, a escrita é se não o desabafo para as angústias cotidianas. Já o desabafo para a felicidade, por sua vez, é composto de sorrisos largos, mente leve... toda a inspiração – vivida, não escrita.
“Gente feliz não escreve”. Hoje não escrevo. Ainda que um beijo com gosto de vodka às 4 da manhã seja deveras poético.