sábado, 11 de setembro de 2010

Ah, Bruta Flor, Bruta Flor...



Não sei o que ela tem. Só sei que ela me tem...

Estranho esse sentimento de encantar-se pelo que nunca pretendeu ser encantador, mas assim que vejo esses seus olhos negros como pérolas raras que se trancam ao rir-se das alegrias da vida. Ah, quando rir-se de algo... Sinto meu espírito tão perturbado, tão feliz, tão nervoso e não consigo encarar-te sem sentir minha face inteira se ardendo e incendiando em silêncio. Se soubesses o quanto me dói esse silêncio, minha flor, sobretudo quando se faz presente seu sorriso. No momento em que sua pele branca vai se corando em torno de suas maçãs, meu peito grita e sinto um medo tão intenso de ser descoberta por me perder em sonhos na sua imensa graça.

Sei que nunca houve de sua parte intenção de semear isso dentro de mim. Compreenda que jamais poderei culpar-te por ser a flor dos meus olhos. Peço que também não me culpe, afinal, mesmo antes de tudo ter-se início, eu já sentia a inquietação ao ver-te. E não me culpes, meu encanto, não me culpes por não poder escolher seu tipo de flor. Entre Rosas com espinhos, Girassóis buscando o sol, Orquídeas como damas da noite, Tulipas, Margaridas, Violetas, Acácias e Azaléias... Tu és mais, ainda que não sejamos nada. Tu és feita inteira de flores. Do pequeno corpo curvilíneo aos cabelos ondulados e castanhos.

Ah, dona dos lábios de pêssego, por que só se faz tão bela assim ao meu ver? Primeiro foi a sua boca, depois seu sorriso e, quando me deparei com esse seu jeito, foi o meu fim. Foi apenas uma noite ao seu lado e eu dentro de minha redoma. Você sorriu e todo o cristal que me cercava veio por chão. Não poderia fazer nada ali, jamais faria algo naquela situação por mais que o álcool me livrasse do temor. Mas acredite, flor, é você que sempre sacudirá minha alma com apenas um sorriso de face corada.

Fico por essas linhas, mulher. Fico antes que minha revolta por querer-te se faça aparente. Termino aqui para não me perder em meras ilusões de um dia sentir-me perder nas pétalas que chama boca. Mas quem sabe... um dia... um talvez, minha bruta Flor do querer.