segunda-feira, 12 de abril de 2010

Uma saideira.

Ontem me perguntaram o porquê de não voltar ao roseiral que criamos. Respondi que a rosa criou espinhos para me manter afastada, que eu sou uma roupa que ficou apertada, que você não gosta de mim. Mas, vezenquando, me deparo com certas coisas que fazem pensar diferente e talvez você goste de mim, não sei. Talvez você guarde as sombras do que fomos, ou não. Talvez eu não te conheça.
Deveria doer mais, não deveria? Deveria ao menos doer. E se eu disser que não dói mais? Que tampouco há ressentimento vivo. Que nossa ausência me fere fundo, mas não causa dor. Me fere a morte da esperança de nós duas, ou talvez eu não acredite nessa morte. Talvez eu guarde suas atitudes finais mais próximas da minha memória e o que foi amor guardo mais fundo, longe da memória e mais próxima do peito. Como a saudade de um cheiro da infância que aparece repentino e não carece de explicações.
Ainda me incomoda um pouco ver o que fizemos em nós. E me incomoda também usar “nós”, afinal agora somos eu e você. Me incomoda voltar nesse assunto, apesar de acreditar que esse afastamento é um tanto infantil. Pensar em você ultimamente não tem me incomodado e isso me incomoda. Mas não te cobro e tampouco me cobro. Meu peito foi dilacerado pelo que fez, a redoma de orgulho (que construí e moldei) me mantém ensurdecida.
Contudo, me incomoda essa minha alma prolixa e minhas palavras sucintas e por isso sou ‘louca’ aos seus olhos. E, além disso, nada mais me é incômodo nem a dúvida de achar que não gosta de mim. Se gosta, não sei. Se minha ausência deveras te dói, não sei. Se tens saudade, não sei. Se a Vida lhe dói, não me importo. E se acha que escrevo isso pelo incômodo, não ache.

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