segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Terezinha.

Foi assim: queda e frio. Lá estava ela procurando a certeza que a feriria ainda mais que a coroa de espinhos com a qual te apeteces vesti-la. Mas ela necessitava ver, tal qual uma criança que não suporta ter medo e finalmente olha debaixo da cama. Ela viu. O primeiro impacto não foi o desespero (na verdade, este nunca veio), mas sim o desnorteamento, em seguida a dúvida entre fugir ou permanecer e por fim as lágrimas quando foi ao chão.
Um dos piores sentimentos possíveis ao ser humano: se sentir traído – ainda que não o fosse – por aquilo que lhe pertencia. Mas pior que se sentir traído, é saber que não o é e ainda estar se humilhando. Afinal, lágrimas não são adequadas para uma madrugada lotada. Mas as lágrimas lembraram-na que o destino era seu aliado e implorou por socorro. Ele depressa apareceu e a fez perceber sua situação: ELA ERA UM ROSA. Sim, pois uma rosa caída permanece uma rosa.
Sempre se sentira prejudicada por não ter espinhos e era perigoso que tirasse sua redoma ainda que só para tomar o vento frio e, dessa vez, o vento fora demasiado gelado. Mas o destino a fez sustentar-se. Regou-se com gotas de orgulho e foi fazer o que necessitava que outra pétala visse (você estava ocupada demais para ver): ela sabia desabrochar.
As gotas de orgulho se misturaram às lágrimas e o resultado foi uma mágoa exuberante, naquele momento se sentiu liberta de sua redoma e repleta de espinhos, tão fatal quanto permite o feminino. E a viram desabrochando, alguns com olhos de pais, outros ainda de irmãos e a terceira foi a que teve coragem e se perdeu em espinhos quando lhe ofereceu a mão.

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