domingo, 31 de janeiro de 2010

Sobre um diálogo que a fez pensar.

-Nunca me arrependi tanto de uma coisa
- Arrependeu-se de que? De mim?
(Silêncio)
-Quero minhas coisas! Não acredito no que você disse! Você se arrependeu.
-Ok!
-Não quero mais te ver. (A maior e única mentira que dissera)
Desligou-se o telefone. Ela pensou na Vida e não houve tempo para que se esquecesse dessa vez. O telefone de novo tocou.
-Mentirosa, o nome disso é falsidade. E é bom saber o quão mentirosa é!
Pensou que só dissera a verdade até então, exceto pela parte da ausência que não desejava jamais. “E de que me julgas?” Pensou em concomitância.
-Eu não minto! Não para você! Nunca menti, juro! (Mais uma vez prestava-se ao papel ridículo de implorar para que a verdade fosse aceita. Era esse seu erro, amar ao outro mais que a si. Diria depois).
-Cansei dessa mentira!
E ela ficou sozinha mais uma vez sem entender o porquê da vida ser cega com seu coração. Mas o destino lhe foi verdadeiro e mais uma vez não deu tempo para que perdoasse. Ouve uma chuva de palavras... E sua alma alagou-se.
-Falsa, mentirosa! Merece sofrer nas mãos dos que não lembrarão seu nome.
E pensava. Pensou porque era só o que podia fazer. Pensou sem entender ou achar razão para que fosse tomada por meretriz justo por aquela que lhe era o ar. O ar de seu signo que tirava sua balança do equilíbrio. Pensava na injustiça e tudo sugeria que a Vida não era justa. Cansou-se de pensar e resolveu mudar (e essa foi a segunda mentira, sabia que não mudaria com a vida).Mudaria consigo mesma e com isso pensou.
-Eu vou embora... Fale o que tiver para falar agora, pois eu vou embora. E não se arrependa. (E aí errou, ela queria dizer “arrependa-se e peça desculpa”, mas ela não sabia mais se era capaz de perdão. Calou-se.)
Foi assim que ela deu um ponto. Costureira de mão cheia seria ao dar tal ponto, mas esperou por mais linha e nada lhe foi dito. Terminou de tecer junto com seus assuntos. E decidiu sair da cidade em breve.
(Horas silenciosas.)
-Alô?
-Oi. (Decidida a mudar, atendeu-a com a voz seca. Por um milagre, tornou-se monossilábica)
-Você vai mesmo viajar?
-Não sei (hesitar era característica de seu signo, mas o orgulho era característica particular). Sim, vou sim!
-Vai quando?
-Logo.
Forçou-se a mudar. Forçou-se a ser fria. Forçou-se a não ser ela mesma. Ao menos nos pensamentos viam-se vestígios de quem ela sempre fora: dor e entrega. “Sofro”, pensou.

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