segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Pequena Sophia

Foi bem assim:
Estava distraída e tu me pegaste. Em primeiro momento me senti invadida com tamanha interrupção em minha vida, mas, em seguida, percebi que o erro era totalmente meu em não prestar atenção ao que era muito antes necessário. Tremi com tamanha urgência que me interceptou. “E AGORA?” pensei. “Vou receber a conseqüência de não ter dado a devida importância a essa mulher que me cede a luz? E o que será de mim se ela resolver me deixar no escuro?”, pensei novamente. E de tão altos que eram meus pensamentos, a voz saiu muda para pedir desculpa.
“Sophia”, você disse em tom severo com as mãos na cintura e me olhando com aquele seu olhar que bronqueava mais que as palavras. Gelei! Sempre fora tão linda de todas as maneiras, sempre tão certa. E eu não sabia demonstrar o quanto me sentia NADA quando lançava esse olhar bravo contra mim, e nunca fui de gostar de me redimir.
Mas você estava correta (sempre). Eu não devia desviar, transviar, destratar, ignorá-la. Mas eu estava gelada, imóvel diante de você ali parada com seu olhar. E você percebeu meu medo e me atirou aquela pergunta irônica. Surpreendeu-me com aquela pergunta catastrófica e demorou até que eu me desse conta do que se consistia a ironia – compreenda, é difícil me dar conta de tudo em centésimos longos de um segundo veloz. Sempre você: olhar severo e palavras doces. Sempre certa.
Pensei veloz: “O morrer é sempre ruim, que bom que posso contar com você para me trazer de volta”. Dessa vez a voz saiu:
- Desculpa, professora, não penso mais na morte da bezerra.

Um comentário:

  1. Hahahah MUITO MUITO MUITO MUITO BOM!!! Continue assim, menina! Seus textos são ótimos

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